O que mais chama a atenção no japonês é a escrita. Você já deve ter ouvido falar que são usados vários alfabetos, e que cada letra significa uma palavra. É parcialmente verdade, como mostro a seguir.
Há quatro tipos de escrita em uso no Japão:
- Hiragana
- Katakana
- Kanji
Hiragana
É importante que se aprenda a hiragana primeiro (pronuncia-se hiraganá). O hiragana é um silabário, ou seja, cada letra representa uma sílaba. Abaixo, os caracteres organizados em colunas:
A vogal a se pronuncia como em casa. As vogais e e o são pronunciadas fechadas, como o e de pêlo e o o demoça. O chi, na quarta coluna, se pronuncia como em atchim. Os Hs, na sexta coluna, são pronunciados mais ou menos como no inglês. As letras com R, na antepenúltima coluna, são sempre pronunciadas como em cara, marido, erudito, sereno e erosão, mesmo que estejam no início da palavra. O W da penúltima coluna se pronuncia como U.
As letras das colunas ka, sa, ta e ha podem ser acentuadas, alterando a pronúncia:
Estão ausentes as sílabas com V, F e L. Estes sons não existem originalmente na língua japonesa. Em compensação, não há nenhum som com dificuldade de pronúncia para um brasileiro.
O hiragana tem poucas letras e elas são relativamente simples. É possível memorizá-lo em um par de semanas, dependendo do seu ritmo. Acredite: é divertido aprender a ler um novo alfabeto. Faz lembrar do entusiasmo que se sente na infância ao ler as primeiras palavras.
Em um texto normal, o hiragana é usado para escrever:
- Terminações de verbos e adjetivos
- Algumas saudações
- Partículas
- Certas palavras que não são escritas com ideogramas
Os ideogramas, ou kanjis
Kanjis são os ideogramas. A palavra kanji significa "letra chinesa", e tem esse significado porque esses ideogramas foram criados na China. O Japão começou a importar os kanjis a partir do século IV depois de Cristo. Hiragana e katakana, os dois alfabetos fonéticos, foram criados no Japão no século VIII.
No Japão, há uma lista oficial de aproximadamente 2 mil ideogramas para uso corrente, ensinados durante a vida escolar. Pode parecer muito, mas os chineses usam quase o dobro disso.
Diferente do hiragana, que tem uma pronúncia fixa e representa o som de uma sílaba, um kanji representa um objeto ou idéia e pode ter mais de uma pronúncia.
Um exemplo: a palavra
= amor
escrita acima em hiragana, tem um kanji:
= = amor
Você já deve ter visto esse ideograma em adesivos ou tatuagens. Ele tem apenas uma pronúncia. Outros, como "pessoa" e "dia" têm mais de uma:
= = dia/sol
= = origem
= = pessoa
Com os kanjis de "dia" e "origem" se escreve a palavra Japão. Por isso que o país é conhecido como a "terra do sol nascente". Perceba que o kanji de dia teve a leitura ligeiramente alterada:
= Japão
O kanji de "pessoa" também muda de pronúncia. Olhe o que acontece ao acrescentá-lo no final da palavranihon:
O significado dessa palavra é fácil de deduzir. Significa "japonês" (pessoa que nasceu no Japão).
Origem dos ideogramas
Você percebeu a semelhança dos caracteres de sol e pessoa com o conceito que eles representam?
= dia/sol
= pessoa
Como estes, muitos ideogramas vieram de desenhos, e por isso são fáceis de se lembrar:
= árvore
= portão
= orelha
= chuva
= coração
Alguns são formados por dois ou mais caracteres:
= bosque (duas árvores)
= floresta (três árvores)
= ouvir (portão + orelha)
Nem todos, entretanto, têm uma forma que lembre sua origem. Uma boa parte foi alterada com o tempo e perdeu a semelhança ou até mudou de significado. Outros não representam uma coisa ou objeto, mas uma idéia abstrata, como amor, beleza, lei etc. Mesmo assim, a maioria é formada por outros caracteres, o que facilita a memorização. Por exemplo, um dos elementos que compõem o kanji para "amor", mostrado mais acima, é o kanji de "coração".
Palavras estrangeiras
Até povos que usam o mesmo alfabeto alteram a grafia e a pronúncia de palavras estrangeiras. Nós, brasileiros, também fazemos isso. "Chofer", por exemplo, vem do francês chauffeur. Outdoor, que em português usamos para aquelas placas publicitárias, em inglês significa "ao ar livre".
Imagine o que ocorre com países que usam escritas diferentes.
Katakana
No Japão, há um alfabeto usado para grafar palavras e nomes estrangeiros, o katakana (pronuncia-se katakaná). Ele também pode ser usado em onomatopéias (palavras e expressões que imitam sons), em nomes próprios e em alguns casos particulares de palavras japonesas. Formado por "pedaços" de kanjis, o katakana tem linhas mais retas e anguladas que o hiragana, criado pela simplificação de kanjis em letra corrida.
Fachada de cinema com cartazes do filme dinamarquês Dançando no Escuro. Título está inglês, grafado em katakana.
O katakana representa exatamente os mesmos sons do hiragana, e alguns caracteres são parecidos:
Alguns exemplos de palavras:
= Brasil
= rádio
= futebol, do inglês soccer. Faz-se uma pequena pausa entre o sa e o ka, e alonga-se o último a
= ídolo, do inglês idol. Significa ídolo de banda ou cantor. O escritor de ficção científica William Gibson deu o título de Idoru a um livro cuja história se passa no Japão.
Existem algumas palavras portuguesas que entraram no Japão há alguns séculos via navegadores:
= vidro
= bolo
= frasco
= botão